Composição fenólica e atividade biológica de extratos de casca e ramos de Juniperus communis L. (zimbro comum)
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resumo
A espécie Juniperus communis L., comumente designada “zimbro” em Portugal, é uma conífera, pertencente
à familia Cupressaceae e adaptada à baixa disponibilidade de nutrientes no solo.
O zimbro foi usado na medicina tradicional para tratar infeções urinárias, dermatites ou como diurético,
entre outros, dada a sua composição em bioativos como compostos fenólicos, terpenóides e ácidos
orgânicos. Nos últimos anos, vários estudos reportam o seu potencial antimicrobiano, antioxidante, antiinflamatório,
efeitos anti-diabéticos, hipocolesterolémicos e ainda a sua ação neuroprotetora, bem como
capacidade antiproliferativa contra células cancerígenas e a capacidade de ativar mecanismos hepatorrenais
e gastroprotetores [1,2].
No âmbito do presente trabalho, que surge no contexto do projeto BBI-JU BeonNAT, a casca do zimbro foi
separada da parte aérea e posteriormente moída à parte da restante biomassa (parte aérea composta por
ramos e agulhas) para comparar estas duas frações ao mesmo tempo que se pretende aproveitar todas as
partes da planta, promovendo um conceito de economia circular.
Depois de moídas, as amostras foram extraídas por maceração e a composição fenólica de cada fração de
biomassa foi analisada por HPLC-DAD-ESI/MS, onde 17 compostos foram identificados na casca e 14
compostos na restante biomassa. Enquanto que na casca foram apenas idenditificados flavan-3-ols, na parte
aérea a maior parte dos compostos são flavonoides (10 identificados), seguido de 2 flavan-3-ois e ainda 2
ácidos fenólicos, sendo o composto maioritário, nos dois casos, um dímero de procyanidina.
Para avaliar a biotividade dos extratos, realizou-se a análise antimicrobiana por microdiluição, utilizando
bacterias Gram-positivas e Gram-negativas, isoladas de ambiente clínico e alimentar. A atividade
antioxidante foi realizada por duas metodologías distintas: inibição da peroxidação lipídica em tecidos
cerebrais de porco (TBARS) e inibição da hemólise oxidativa (OxHLIA), onde o extrato da casca de zimbro se
mostrou mais promissor, apresentando um EC50 mais baixo (TBARS: EC50=11.300.88 g/mL e OxHLIA:
14.9±0.5 g/mL) em comparação com o extracto da parte aérea (TBARS: EC50=25.890.62 g/mL e OxHLIA:
47±1 g/mL). Por sua vez, a citotoxicidade foi avaliada numa cultura de células não tumorais: PLP2 (cultura
primária de células de fígado de porco), em que ambos os extratos apresentaram toxicidade para esta linha
celular. No entanto, de acordo com a aplicação-alvo, a toxicidade apresentada pelos extratos deve ser
analisada mais profundamente, verificando esta condição em modelos de toxicidade específicos para cada
indústria/produto. No geral, tendo em conta a composição química e as bioatividades comprovadas, os
extratos quer da casca, quer da parte aérea do zimbro são potenciais matérias-primas para o
desenvolvimento de produtos com aplicação na área alimentar, farmacêutica e/ou cosmética.