Fracionamento do extrato de acetona das sumidades floridas de Calluna vulgaris (L.) Hull: perfil fenólico e potencial antibacteriano Artigo de Conferência uri icon

resumo

  • As plantas medicinais são uma importante fonte de moléculas bioaüvas, que têm vindo a demonstrar um elevado potencial terapêutico. Vários estudos científicos fazem referência à imensa diversidade de moléculas bioativas presentes nestas matrizes, como são exemplo os compostos fenólicos, as proteínas e os estéreis. Estas moléculas são responsáveis pelas atividades biológicas exibidas por estas matrizes, nomeadamente as atividades antioxidante, antibacteriana, anti-inflamatória e citotóxica [l]. Calluna vulgaris (L.) HuU, vulgarmente designada por urze ou torga, é um arbusto pertencente à família Ericaceaes, amplamente distribuído pela Europa e noroeste de África. É uma espécie utüizada na medicina tradicional devido às diferentes propriedades medicinais associadas: propriedades antisséticas, anti-inflamatórias e diuréticas; mas é sobretudo o seu potencial antimicrobiano que estimula o seu consumo na medicina tradicional [2]. Neste sentido, a aüvidade antimicrobiana de C. vulgaris, foi avaliada através da técnica de microdüuição e do método colorimétrico de deteção rápida com cloreto de p-iodonitrotetrazólüo (INT). Devido ao elevado potencial antibacteriano demonstrado pelo extrato de acetona, este foi fracionado através de uma coluna cromatográfica de sflica gel com sistema de eluentes de grau de polaridade crescente, sendo o perfil fenólico das frações resultantes analisado por HPLC-DAD-ESI/MS. O potencial antibacteriano foi testado contra bactérias patogénicas, isolados clínicos, Gram-positivo: Enterococcus faecalis, Listeria monocytogenes, Staphylococcus aureus resistente à meticüina (MRSA), Staphylococcus aureus suscetível à meticüina (MSSA); e Gram-negativo: Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Morganella morganii, Pseudomonas aeruginosa e Neisseriagonorrhoeae). Além disso, foi também analisado o efeito das frações em bactérias Gram-positivo: Lactobacillus plantarum (DSM 12028), Lactobacillus delbrueckii subs. bulgaricus (LMG 6901) e Lactobacillus casei (NCTC 6375)) e de Gram variável: Gardnerella vaginallis, pertencentes à microbiota vaginal. Foram identificados quarenta e sete compostos fenólicos: um ácido fenólico, dezasseis fravan-3-óis, duas flavanonas e vinte e quatro flavonóis. Os compostos mais abundantes foram os flavan-3-óis, tais como dímeros do tipo B da (epi)catequina, (-)-epicatequina e (+)-catequina. Todas as frações revelaram atividade inibitória contra as bactérias patogénicas. No entanto, apenas algumas frações demostraram eficácia contra os microrganismos patogénicos testados, sem afetar as bactérias pertencentes à microflora vaginal, destacando-se as frações Fr7 e Fr8, que revelaram CMI 's mais elevadas para os lactobacilos (2,5 e 1,25 mg/mL, respetivamente) e mais baixas para as bactérias patogénicas L. monocytogenes (0.625 mg/mL), N. gonorrhoeae (Fr7 = 1,25 mg/mL; Fr8 = 0,625 mg/mL). Desta forma, o fracionamento do extrato de acetona das sumidades de C. vulgaris mostrou-se benéfico, corroborando o uso tradicional deste arbusto.

data de publicação

  • dezembro 2018