Composição química e bioatividades do epicarpo de Nephelium Lappaceum
Artigo de Conferência
Visão geral
Pesquisas
Informação adicional documento
Ver Todos
Visão geral
resumo
Nephelium lappaceum L., popularmente conhecido como rambutan, é um fruto tropical nativo da Ásia
que, atualmente, se encontra amplamente distribuído em outras regiões tropicais, como a América
Latina, a Austrália e alguns países africanos [1,2], sendo muito apreciado pela sua aparência exótica e
sabor agradável, o que tem aumentado a sua comercialização e processamento em todo o mundo [1-
3]. No entanto, apenas uma pequena porção deste fruto é comestível/processado, sendo que até 48%
do seu peso corresponde ao seu epicarpo não comestível, o que pode gerar um alto volume de bioresíduos
e perdas económicas [2,3]. No sentido de propor uma valorização para o epicarpo de
rambutan como fonte de moléculas bioativas, o presente estudo teve como objetivo elucidar a sua
composição química em termos de tocoferóis (HPLC-FD), ácidos orgânicos (UFLC-PDA) e compostos
fenólicos antociânicos e não antociânicos (HPLC-DAD/ESI-MSn) e determinar as bioatividades,
nomeadamente atividade antioxidante (AA) e atividade antimicrobiana (AM), do seu extrato
hidroetanólico por ensaios in vitro. A AA foi avaliada através do ensaios de substâncias reativas ao
ácido tiobarbitúrico (TBARS) e de inibição da hemólise oxidativa (OxHLIA); a AM foi avaliada pelo
método de microdiluição usando seis bactérias (Staphylococcus aureus, Bacillus cereus, Listeria
monocytogenes, Escherichia coli, Salmonella Typhimurium e Enterobacter cloacae) e seis fungos
(Aspergillus fumigatus, Aspergillus versicolor, Aspergillus niger, Penicillium funiculosum, Penicillium
verrucosum var. cyclopium e Trichoderma víride).
O epicarpo de rambutan apresentou três isómeros de tocoferol, sendo o γ-tocoferol o mais
representativo; cinco ácidos orgânicos, com destaque para a concentração de ácido chiquímico; cinco
compostos fenólicos derivados de elagitaninos e duas antocianinas O-glicosiladas derivadas de
delfinidina. Em relação às bioatividades, o seu extrato hidroetanólico foi capaz de inibir a oxidação
lipídica e proteger os eritrócitos da hemólise oxidativa em baixas concentrações (EC50 de 2,79 ± 0,03
e 72 ± 2 μg/mL). Além disso, as atividades antibacteriana e antifúngica do extrato foram alcançadas
em concentrações semelhantes ou inferiores aos controlos utilizados (benzoato de sódio (E211) e
metabissulfito de potássio (E224)) e as amostras também apresentaram atividade bactericida e
fungicida em todos os microrganismos avaliados.
Em conclusão, o epicarpo de N. lappaceum possui uma composição química rica em compostos
bioativos, principalmente derivados de elagitaninos, além de apresentar boa atividade antioxidante e
potencial para inibir o crescimento de microrganismos. Os resultados encontrados revelam que este
subproduto pode ser uma interessante fonte de ingredientes bioativos que podem ser aplicados em
diversos setores da indústria alimentar e farmacêutica.