Gomphrena globosa L. e Amaranthus caudatus L. como fontes alternativas de compostos corantes
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resumo
Na última década, e devido à crescente preocupação dos consumidores, várias matrizes
naturais têm sido utilizadas na procura de ingredientes corantes, alternativos aos artificiais,
que têm sido associados a alguns efeitos tóxicos. As betacianinas são um grupo de
compostos naturais com capacidade corante e têm sido amplamente utilizados na indústria
alimentar, não só por causa do seu elevado poder de coloração, mas também devido às suas
reconhecidas propriedades bioativas [l]. A principal fonte deste tipo de compostos é a
beterraba, mas existem outras matrizes naturais, ainda pouco exploradas, que possuem
na sua composição esta classe de moléculas. Exemplos disso são as espécies Gomphrena
globosa L. e Amaranthus caudatus L., duas plantas da família das Amaranthaceae que
apresentam flores com uma coloração viva, entre o rosa e o violeta, sendo as betacianinas
os compostos responsáveis pelo seu efeito corante [2].
Assim, este trabalho teve como objetivo a obtenção de extraías ricos em pigmentos a
partir das flores de G. globosa e A. caudatus, de forma a serem utüizados como corantes
alimentares, oferecendo alternativas para a indústria alimentar que, para além de conferir
cor, são ainda capazes de oferecer propriedades bioativas. Os extratos foram obtidos através
de uma maceração dinâmica assistida por calor, sendo posteriormente caracterizados
quanto ao seu perfil em betacianmas por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada
a um detetor de díodos e espetrometria de massa (HPLC-DAD-ESI/MS). A capacidade
antimicrobiana foi determinada utüizando um painel de microrganismos Gram-negativo,
Gram-positivo e fungos, utilizando um método colorimétrico de deteção rápida com
cloreto de p-iodonitrotetrazolio (INT) e os resultados obtidos foram expressos em
concentrações mínünas mibitórias do crescimento dos microrganismos (MIC).
Pela análise cromatográfica dos extratos foi possível identificar quatro compostos em
cada uma das amostras. Em G. globosa os compostos maioritários identificados foram a
gonfrenina III (17.9 ± 0.8 mg/g extrato) e a isogonfrenina III (13.5 ± 0.7 mg/g extrato), e os
minoritários a gonfrenina II (8.6 ± 0.5 mg/g extrato) e a isogonfrenina II (6.9 ± 0.5 mg/g
extraio). O extrato de A. caudatus apresentou como compostos maioritários a amarantina
(171 ± l mg/g extrato) e a isoamarantma (38 ± l mg/g), enquanto que a betanina (1.6 ±
0.1 mg/g extrato) e a isobetanina (1.3 ± 0. 1 mg/g extrato) foram encontrados em menor
concentração. Na avaliação da atividade antimicrobiana o extrato de G. globosa apresentou
MICs na ordem dos 0, 15-0,35 mg/mL, enquanto que o extrato de A. caudatus revelou
MICs na ordem dos 10-20 mg/mL.
Apesar de apresentarem diferenças no que diz respeito aos compostos que as constituem,
estas espécies apresentam capacidade corante, pelo que ambas as plantas podem ser
consideradas como fontes alternativas para obter ingredientes corantes de origem natural.