Bee (Apis mellifera L.) Health in the Azores: comparing ePidemiological Patterns in a unique natural laboratorY Projetos uri icon

resumo

  • O declínio da abelha melífera (AM) tem repercussões na biodiversidade e na segurança alimentar. A Varroa destructor (Vd), e vírus associados, e a Nosema ceranae (Nc) têm sido considerados os mais importantes fatores indutores do declínio. Na 2ª metade do sec. XX, Vd e Nc invadiram rapidamente o mundo, após uma mudança de hospedeiro que ocorreu na Ásia. Estas invasões fenomenais implicam que há pouco conhecimento sobre a prevalência natural, cargas e diversidade de vírus e nosemosis em AMs nunca antes expostas a estes parasitas. Este conhecimento é importante porque a maioria das infecções virais e de Nosema eram inofensivas até às invasões e o aumento dramático da mortalidade das colónias tem sido atribuído a Nc e a vírus transmitidos por Vd. Hoje em dia existem muito poucos locais no mundo livres de Vd e Nc, sendo os Açores um deles. Os Açores não só possuem ilhas com e sem Vd e Nc, como também albergam populações de AM geneticamente complexas, o que permite uma análise sem precedentes das interações hospedeiro-patogénio e das alterações dos padrões de doença em resposta a ambas as invasões. Assim, os Açores têm um grande potencial para se tornarem um importante laboratório natural para se estudar os agentes envolvidos no declínio. Mas de maior interesse para o sector apícola, os Açores têm um grande potencial para se tornarem um importante centro de produção de rainhas sãs e de mel sem resíduos de acaricidas, os quais serão valorizados num mercado cada vez mais exigente. Este projeto reúne especialistas que usarão uma bateria de ferramentas moleculares e de abordagens analíticas sofisticadas numa sucessão de 10 tarefas interconectadas que incluem a análise dos padrões epidemiológicos dos vírus mais importantes e da Nosema, o desenvolvimento de ferramentas especialmente desenhadas para identificar AMs (incluindo a partir do mel), a dissecação dos padrões genéticos da AM, até ao lançamento das bases de um programa de melhoramento da AM (Fig.3). No final deste estudo, espera-se que:1) os padrões epidemiológicos sejam dissecados, permitindo a identificação das ilhas que são santuários de AMs saudáveis; 2) as interações patogénio-patogénio e patogénio-hospedeiro sejam identificadas, permitindo uma melhor compreensão dos mecanismos subjacentes ao declínio; 3) os padrões genéticos da AM sejam revelados, permitindo a identificação das ilhas que são santuários de diversidade introduzida pelos colonizadores; 4) combinando 2) e 3), as ilhas com maior potencial para a produção de rainhas sejam identificadas; e 5) as ferramentas moleculares e morfométricas para a identificação da AM sejam desenvolvidas, com múltiplas aplicações desde a monitorização de populações até à avaliação da autenticidade do mel. Este estudo promete não só importantes avanços no conhecimento da epidemiologia de doenças emergentes da AM, com implicações para o maneio apícola, como também estimular a atividade apícola nos Açores, o que terá repercussões económicas e sociais.

intervalo de datas

  • junho 1, 2018