A amêndoa já foi um dos principais produtos de exportação do setor agrícola em Portugal. Contudo, a presença cres-
cente no mercado mundial de amêndoa produzida na Califórnia a preços muito baixos e o despovoamento do meio
rural, sobretudo a partir da década de 1970, levaram ao progressivo abandono da cultura. A amendoeira [Prunus dulcis
(Mill.) D. A. Webb], contudo, nunca deixou de ser uma espécie emblemática em Portugal. Ainda que com baixo valor
económico, continuou a criar paisagens deslumbrantes, com a sua floração precoce, atraindo turistas ao interior, em
particular ao Vale do Douro e afluentes, onde sempre foi mantendo algum valor para a economia familiar. Nos últimos
anos, contudo, tem havido um renovado interesse na cultura. O aumento do consumo de amêndoa a nível mundial tem
criado condições para que os preços se mantenham um pouco mais atrativos que em anos anteriores o que, associado à
falência generalizada do setor arvense de sequeiro do interior do país, tem estimulado o aparecimento de novas plan-
tações de amendoal. O fenómeno é sobretudo relevante no Alentejo, associado a novos regadios como o Alqueva, com
plantações em regime intensivo, mas também em Trás-os-Montes onde prevalecem os pomares de sequeiro. Nos anos
recentes a amendoeira tem sido valorizada pela amêndoa comestível e pontualmente em roteiros turísticos de inverno
associados à floração, como se referiu. Contudo, diversos subprodutos da amendoeira podem ser valorizados, sobre-
tudo os que apresentam maior expressão quantitativa como cascarão (2000t ano -1), casca rija (9000 t ano -1), tegumento
(120 t ano -1) e lenha de poda (25000 t ano -1). Neste trabalho faz-se uma estimativa da quantidade desses materiais que é
produzida em Portugal e apresentam-se pistas para valorizações potenciais.