Matrizes vegetais de interesse cosmético e alimentar: casos de estudo com Aloe vera (Aloe barbadensis Mill.) e haskap (Lonicera caerulea L.)
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resumo
A procura do mercado por compostos bioativos e corantes de base natural é dinamizada por um consumidor cada vez mais consciente e alertado para as consequências negativas que o consumo excessivo de alguns compostos artificiais provoca a longo prazo.1 As indústrias cosmética e alimentar são as mais suscetíveis a esta pressão e, por isso, em colaboração com a academia, procuram substitutos de base natural (na sua grande maioria provenientes de plantas). Neste sentido, este trabalho procura valorizar novas matrizes vegetais (filete de Aloe vera - Aloe barbadensis Mill. - e bagas de haskap - Lonicera caerulea L.) e respetivos resíduos (casca de Aloe vera) como fonte de compostos de interesse cosmético e alimentar. As amostras de Aloe vera e haskap foram liofilizadas e reduzidas a pó. O valor nutricional foi avaliado seguindo métodos oficiais de análise de alimentos.2 Os perfis em açúcares, ácidos gordos, tocoferóis e ácidos orgânicos foram determinados por técnicas cromatográficas. Os compostos fenólicos foram caracterizados por HPLC-DAD/ESI-MS e a atividade antioxidante foi avaliada pelos ensaios de base celular TBARS (inibição da formação de substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico) e OxHLIA (inibição da hemólise oxidativa).3 O filete de Aloe vera mostrou ser particularmente rico em água, revelando também altos teores de fibra e hidratos de carbono disponíveis, nomeadamente glucose e frutose. Verificou-se uma particular abundância de ácidos gordos saturados, com contribuição maioritária dos ácidos palmítico e esteárico. Relativamente aos perfis em tocoferóis e ácidos orgânicos, o α-tocoferol e o ácido málico, respetivamente, foram os compostos mais abundantes. Relativamente ao haskap, os hidratos de carbono foram os macronutrientes maioritários, apresentando frutose e glucose como principais açúcares livres. Foram detetadas quantidades consideráveis de ácidos orgânicos, dos quais se destaca o ácido ascórbico e uma prevalência de ácidos gordos polinsaturados, com predominância do ácido linoleico. As cromonas (aloesina ou aloeresina B) e as antronas (aloína A ou barbaloína e aloína B ou isobarbaloína) foram os grupos de compostos mais abundantes nos extratos de Aloe, tendo sindo detetados em maior quantidade nos extratos de casca. A aloesina e aloína são reconhecidos pelos seus efeitos cicatrizantes e laxativos, respetivamente, encontrando-se entre os metabolitos secundários mais importantes desta espécie. O extrato de casca foi particularmente eficaz em proteger os eritrócitos do dano oxidativo induzido por radicais livres, o com um valor de IC50 próximo ao do Trolox (padrão). Nas bagas de haskap, os compostos fenólicos não-antociânicos maioritários foram os ácidos 3-O-cafeoilquínico cis e trans e a quercetina-3-O-glucósido; tendo-se destacado também uma antocianina, a cianidina-3-O-glucósido. A amostra apresentou uma relevante atividade antioxidante, com capacidade de inibição da peroxidação lipídica e da hemólise oxidativa. Assim, este trabalho evidenciou que a casca de Aloe vera e as bagas de haskap são uma fonte interessante de compostos de elevado valor acrescentado com aplicação nas indústrias cosmética e alimentar.