Padrões de diversidade neutral e adaptativa da abelha ibérica: um projecto de investigação à escala da península ibérica que integra as mais avançadas tecnologias moleculares e analíticas
A Península Ibérica é reconhecida como um
importante hotspot de diversidade e endemismos
de numerosas espécies de plantas e animais,
representando por isso uma das regiões prioritárias
para a conservação na Europa. Vários factores geomorfológicos
e ambientais contribuíram para esta
riqueza, nomeadamente: (i) localização geográfica
no extremo sudoeste da Europa; (ii) isolamento em
relação ao resto da Europa pela barreira geográfica
dos Pirenéus; (iii) complexidade fisiográfica; (iv)
diversidade climática resultante da heterogeneidade
fisiográfica e das influências contrastantes do
Atlântico e do Mediterrâneo. A conjugação destes
factores fez da Península Ibérica não só um berço
de diferenciação e especiação como também um
importante refúgio que abrigou durante os vários
períodos glaciares do Pleistoceno muitas das espécies
de plantas e animais que hoje colonizam o Norte e
Centro da Europa (Hewitt, 1999). A abelha negra
(Apis mellifera mellifera), por exemplo, é um desses
organismos cuja história está inextrincavelmente
ligada à Península Ibérica. Estudos moleculares
sugerem que esta subespécie de abelha melífera tem
origem num refúgio glaciar Ibérico a partir do qual
se expandiu (Miguel et al., 2007) até ocupar a área
actual que vai desde França até à Escandinávia e
desde as Ilhas Britânicas até à Ucrânia.