Prospeção da atividade antibacteriana de frutos e pedúnculos de Lycium barbarum L
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resumo
O consumo de frutos de goji (Lycium barbarum L.) tem vindo a aumentar exponencialmente, não só devido às suas características nutricionais, mas também ao seu teor em compostos fenólicos, altamente correlacionados com os seus efeitos benéficos para a saúde. No entanto, com o crescente consumo deste fruto, surge a oportunidade de maximizar o potencial de utilização dos seus pedúnculos como um bio-resíduo com propriedades funcionais [1].
O objetivo do presente trabalho foi determinar o perfil fenólico e comparar a atividade antibacteriana de extratos hidrometanólicos obtidos a partir dos frutos de goji e dos seus pedúnculos, um subproduto com potencial para ser valorizado economicamente. O perfil fenólico foi determinado por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a um detetor de díodos e a um espetrómetro de massa (HPLC-DAD-ESI/MSn). A atividade antibacteriana foi testada utilizando um painel de cinco bactérias Gram-negativo e quatro bactérias Gram- positivo, obtidas a partir de isolados clínicos com perfis de resistência conhecidos. Foi calculada a concentração mínima inibitória (CMI) de cada um dos extratos, determinada por microdiluição com o método colorimétrico de cloreto de p-iodonitrotetrazólio (INT).
A concentração total de compostos fenólicos não revelou diferenças estatisticamente significativas entre frutos e pedúnculos, no entanto quando se compararam as famílias de compostos, os frutos apresentam maior quantidade de derivados de ácidos fenólicos (32,7 mg/g vs 17,2 mg/g nos pedúnculos) e os pedúnculos de flavonóis (48,5 mg/g vs 27,6 mg/g nos frutos). Ambas as amostras estudadas apresentaram melhores resultados (valores de CMI mais baixos) para as bactérias Gram-positivo testadas, com valores de CMI entre 2,5 e 10 mg/mL. Os valores mais baixos de CMI foram determinados em E. faecalis e S. aureus (2,5 mg/mL). Quanto às bactérias Gram-negativo, os pedúnculos revelaram os valores de CMI mais baixos para A. baumannii (20 mg/mL), K. pneumonia (10 mg/mL) e P. aeruginosa (10 mg/mL).
Os resultados obtidos permitem, por um lado, a obtenção de novos agentes antimicrobianos, para combater o uso indiscriminado de antibióticos de largo espetro e, consequentemente, o alto nível de tolerância dos microrganismos aos mesmos. Por outro lado, permite verificar a potencialidade do uso dos frutos e pedúnculos de L. barbarum como fontes de compostos bioativos, de interesse para a indústria alimentar e farmacêutica na substituição de compostos sintéticos tão amplamente utilizados.
