A pastorícia, transformações e resistência, pelo olhar das mulheres
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resumo
O pastoreio extensivo, particularmente de pequenos ruminantes, é uma atividade histórica no Parque Natural de Montesinho (PNM) no nordeste de Portugal. Na continuidade e herança da organização económica camponesa, esta atividade toma contornos de resistência, adequando-se a uma economia agrária marcada, entre outros, pelas diretivas europeias da política agrícola comum, pelo subsídio dependência e pelas oscilações do mercado liberal. A partir da etnografia de caminhada conduzida desde 2022, com cinco pastores do PNM e das entrevistas semiestruturadas realizadas às mulheres das mesmas unidades domésticas (no âmbito do Projeto PASTOPRAXIS; FCT-MTS/CAC/0028/2020), retratamos as transformações na organização do trabalho, e a complementaridade de ocupações, parte delas não agrárias, dos membros destas unidades, com enfoque no papel das mulheres. Desconstruir-se-á assim a visão da pastorícia enquanto atividade imutável e de trabalho individual do pastor na relação com os seus animais. Trata-se de uma aproximação pelo feminino às formas de resiliência do sistema agro-silvo-pastoril num território fortemente despovoado e transformado, fruto da situação político-económica da segunda metade do séc. XX, e, agora, fustigado pelos efeitos das mudanças climáticas. Em consonância, serão apresentadas as perceções e expectativas destas mulheres face ao futuro, e, em concreto, sobre a possibilidade de futuro para a pastorícia.
