Análise preliminar da composição do jacinto-de-água e de subprodutos agroindustriais para a otimização de misturas a compostar
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Visão geral
resumo
O jacinto-de-água [Eichhornia crassipes (Mart.) Solms] é uma planta invasora dos
sistemas aquáticos que provoca prejuízos incalculáveis nos ecossistemas e infraestruturas
hidráulicas, bem como elevados custos no seu controle anual, realizado por remoção
mecânica. Após a retirada da planta dos cursos de água estão a ser equacionados vários
destinos para a biomassa, sendo o mais entusiasmante o seu uso como fertilizante, após
submetida a um processo de compostagem com outros recursos orgânicos locais. A
compostagem e subsequente utilização na agricultura é um destino importante devido à
disponibilidade limitada de fertilizantes orgânicos no mercado português e por grande
parte do território nacional ter condições edafoclimáticas que conduzem a solos com
teores baixos em matéria orgânica. Neste trabalho, desenvolvido no âmbito do projeto de
I&DT BioComp_2.0, avaliou-se a composição química elementar do jacinto-de-água e
de diversos materiais orgânicos disponíveis em grandes quantidades na região do Baixo
Mondego, com vista a estabelecer combinações que possam levar à obtenção de um
composto de qualidade para Agricultura Biológica. Assim, produtos de elevada razão
carbono (C)/azoto (N), que podem ser úteis para dar estrutura às pilhas de compostagem,
registaram-se casca e palha de arroz (120,8 e 93,9, respetivamente) e estilha florestal
(80,1). Como subprodutos particularmente ricos em azoto e baixa razão C/N,
encontraram-se disponíveis estrume de galinha (11,2), estrumes de vaca em regimes de
exploração e condição animal diversa (17,5-18,8) e misturas de subprodutos de hortícolas
(18,6). Os tecidos de jacinto-de-água apresentaram razão C/N variável e crescente com o
estado fenológico (17,4-37,1). Outros resultados relevantes verificados foram os tecidos
do jacinto-de-água serem pobres em fósforo (1,0-1,9 g kg-1), e conterem teores de
manganês (5178,3-8611,1 mg kg-1) e ferro (2476,7-12885,8 mg kg-1) particularmente
elevados, sobretudo nas raízes (31706,8 e 38335,2 mg kg-1, respetivamente). Os teores
elevados destes metais nos tecidos das plantas são provavelmente devidos às condições
de redução (anaerobiose) que as próprias plantas criam nos meios aquáticos que invadem.
Ainda que manganês e ferro sejam nutrientes essenciais às plantas, com base nestes
resultados é expectável que surjam dificuldades no processo de compostagem e que possa
haver restrições no uso agrícola dos compostos, sobretudo em solos ácidos, onde a
disponibilidade natural destes metais para as plantas é elevada.