Mobilidade e incentivos: a política pública convence os médicos? Artigo de Conferência uri icon

resumo

  • Nas últimas décadas tem-se assistido a uma degradação dos recursos humanos no setor da saúde, levando a que uma das questões políticas fundamentais se preocupe com o desequilíbrio na distribuição dos médicos pelas diversas zonas geográficas (OCDE, 2019). Perante esta problemática, é comum os governos definirem políticas de incentivos para atrair médicos para zonas consideradas, legalmente, mais carenciadas. No entanto, segundo Holte el at. (2015) estas políticas nem sempre alcançam os resultados pretendidos, pelo que os responsáveis pela sua formulação devem considerar, de forma ponderada, quais os objetivos políticos, os mecanismos de influência e os grupos de médicos alvo (Holte et al., 2015; Ono et al., 2014). Neste sentido, este artigo pretende obter resposta para a seguinte questão de investigação: Quais os fatores de atratividade para a fixação dos médicos internos de formação específica em zonas carenciadas, especificamente na Unidade Local de Saúde no Nordeste, E.P.E. (ULSNE)? O pressuposto principal visa compreender quais os fatores de atratividade, intrínsecos e extrínsecos, para a fixação dos médicos internos que se encontram a frequentar a formação especializada, nesta zona carenciada, de modo a perceber o que os motivaria, após o término da especialidade, a nela permanecer para o exercício da prática médica. Com a resposta a esta questão de investigação pretende-se contribuir para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas mais adequadas para corrigir os desequilíbrios da distribuição geográfica dos médicos. A estratégia de investigação adotada segue um paradigma interpretativista, apresentando uma abordagem qualitativa de um estudo de caso, sendo utilizada a técnica de entrevista, realizada a médicos internos de formação específica da ULSNE. A informação recolhida através da realização das entrevistas permitiu verificar os pressupostos assumidos e averiguar que fatores intrínsecos e extrínsecos contribuem para a escolha, por parte dos médicos internos de formação específica da ULSNE, da zona para a prática médica. Permitiu verificar, também, o impacto reduzido que os incentivos atribuídos pelo Governo apresentam relativamente à decisão dos médicos internos em permanecer na ULSNE, ou noutra zona carenciada, mostrando a necessidade de reformulação da política de incentivos.

data de publicação

  • janeiro 1, 2021