Neste texto abordamos as diferenças entre o modo como os arqueólogos e as comunidades locais se relacionam com os vestígios pré-
-históricos. Considerando que, em múltiplos aspetos, a arqueologia
reproduz os projetos do Estado-Nação moderno, daremos ênfase à
distância que se cria entre a ordem dos discursos dos arqueólogos
e o modo como as comunidades tradicionais se foram apropriando
e transformando os vestígios arqueológicos. Face a isto, e tendo em
conta que a arqueologia é um trabalho de exploração da memória
dos vestígios do passado, propõe-se que os arqueólogos enfatizem o
seu papel de mediadores culturais e de compreensão das diferentes
memórias geradas em torno do seu objeto de estudo.