O aumento populacional e a expansão da urbanização contribuem para alterações no uso e ocupação do solo, principalmente, reduzindo zonas permeáveis e aumentando percentagem de áreas impermeáveis. Estas alterações estão intimamente ligadas ao aumento do escoamento superficial, que por sua vez, condiciona o acréscimo do caudal de ponta das bacias hidrográficas, favorecendo a ocorrência de inundações durante chuvas intensas, responsáveis por destruições ao patrimônio socioeconómico e humanitário. Os eventos de inundações se repetem progressivamente com o passar dos anos, amplificando a necessidade de se estudar suas origens e prevenções. Tal estudo envolveu analisar diferentes disposições da distribuição das manchas de uso e ocupação do solo, em uma bacia hidrográfica urbana, com possibilidade de expansão, localizada no município de Bragança, Portugal, avaliando sua resposta hidrológica mediante do caudal de ponta gerado em situações de cheias. Através de softwares de sistemas de informação geográfica (SIG), foram adotadas técnicas para delimitar a bacia e extrair dados necessários para calcular os caudais de ponta gerados, através do método Soil Conservation Service – Curve Number, diante dos períodos de retorno de 2, 10 e 100 anos. Os caudais foram simulados em duas situações de coberturas extremas (urbanização densa e florestas) para toda a bacia, alternando suas percentagens de ocupação entre cobertura integral (100%), cobertura parcial (50%) e cobertura em quartis (25%). Posteriormente, foram aferidos caudais de acordo com a condição de ocupação do solo atual da bacia e, de acordo a projeção do plano diretor municipal (PDM). Nas zonas onde o PDM apontou projeções futuras para ocupação e expansão urbana, foram feitas simulações, implementando nestas áreas, urbanização densa, parques e jardins, matos e florestas e, por fim, uma simulação na qual se aumentou a área urbana em 21%, combinados com o incremento de florestas em 12% da área. Ao simular os caudais de ponta nos usos e ocupação do solo extremos, notou-se que utilizar números de escoamento baixos na parte central e próximos ao exutório da baica, os caudais gerados são menores do que quando presentes nos trechos superiores. Os caudais de ponta resultantes do uso e cobertura do solo no cenário atual se demonstraram 35%, 22% e 15% menores, nos respetivos períodos de retorno de 2, 10 e 100 anos, quando comparados ao caudal apontado pelo PDM. O melhor cenário para o PDM foi apontado pela implementação de florestas em todas as zonas que apresentaram possibilidade de mudança, apresentando reduções de caudais superiores à 35%, do previsto pelo PDM. Assim, a solução encontrada foi expandir a mancha urbana em 21% da área da bacia, combinando-a com a implementação de 12% de florestas, o que resultou em caudais inferiores aos caudais encontrados no cenário atual de ocupação do solo. Desta maneira, a metodologia aplicada demonstrou robustez para avaliar o caudal gerado em bacias hidrográficas inseridas em meio urbano. O Avanço da urbanização e a consequente impermeabilização da superfície da bacia tende a provocar escoamentos superficiais volumosos e aumentar sua resposta hidrológica, promovendo caudais de ponta acentuados. Entretanto, a expansão urbana combinada com políticas de florestamento, podem ser pautas de discussão durante a elaboração e implementação dos planos de urbanização dos municípios, objetivando minimizar os eventos de inundação após a expansão de zonas impermeáveis em meio urbano.
