A obra explora a ideia de um retorno enquanto regresso à natureza, na procura ininterrupta de um pensar que cruze ciclos e ritos, num objeto que se edifica e que reconfigura o espaço num organismo vivo. Constrói-se, não sobre a ideia de eternidade mas, sob um processo visível e ‘metamorfósico’ da vivência dos autores numa aldeia de Trás-os-Montes, que os envolve num processo amplo e significativo das suas vidas. A influência desta experiência, marcada pelo território, conduz esta peça para uma linguagem onde se expressa a ideia de transferência e do significado dos ciclos produtivos. Ao espectador é proposto ser um elemento agregado à obra no momento de observação do trabalho pela experiência de um objeto de sentar, concebido em madeira de Negrilhos, que o eleva desabrigado sobre as árvores que o norteiam. Enquanto sobe e se posiciona nesta cadeira vertical, tem a oportunidade de liberar sua alma, colocando as sementes da próxima estação nas suas mãos. Este lugar sentado é uma oportunidade de ver cada vez mais longe, à espera da sombra de uma árvore colocando-nos num espelho celeste, confinando o nosso corpo, a nossa pele em um processo de metamorfose: pequenos e humilhados. Edificou-se um caminho, configurou-se um espaço, num exercício que procura o diálogo entre o natural e o construído, tateando os limites duma obra efémera. Depois vem o silêncio (sem e com) retorno.