A informação dos enfermeiros especialistas e a aplicação das técnicas não farmacológicas no controlo da dor Artigo de Conferência uri icon

resumo

  • A dor do parto é uma experiência individual e que sofre transformação durante as fases de trabalho de parto. O estudo da dor em obstetrícia tem a responsabilidade de desmistificar a supervalorização do medo da dor e as suas repercussões, principalmente no final da gestação com a proximidade do parto. Desta forma, o controlo da dor em obstetrícia é, também, uma importante ferramenta para a humanização do parto e nascimento, como preconiza a OMS. Objetivo: Correlacionar a informação dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia com a aplicação das técnicas não farmacológicas realizadas. Métodos: Estudo transversal e correlacional, com uma amostra de 57 enfermeiros, de dois serviços de obstetrícia no Norte de Portugal. Foram excluídos os questionários incompletos, restando para a análise final 25. Foi aplicado um questionário adaptado de Sousa, (2009), constituído por duas partes: a primeira dizia respeito às variáveis independentes e a segunda à informação dos enfermeiros sobre as técnicas não farmacológicas (TNF) no controlo da dor. A análise estatística foi realizada no programa Numbers da Mac, versão 5.1. Resultados: Relativamente aos enfermeiros especialistas que possuem formação específica sobre a dor e TNF, 60% deles aplica sempre TNF, 30% em pelo menos 50% das parturientes e apenas 10% refere nunca aplicar TNF (correlação forte R2=0,72). Entre os que não possuem formação específica, cerca de 13% aplica sempre as TNF, aproximadamente 53% aplica, em pelo menos, 50% das parturientes e cerca de 33% nunca aplica TNF (correlação fraca R2=0,35). Discussão: No que diz respeito à correlação entre a Formação específica sobre dor e TNF e Frequência de aplicação das TNF, apresentou-se forte entre os Enfermeiros ESMO contemplados com a formação na abordagem da dor conforme o esperado, e, por outro lado, fraca entre os Enfermeiros ESMO sem formação específica sobre dor. O que significa, de forma generalizada, que o déficit apresentado pela falta de formação na abordagem da dor, não impediu os Enfermeiros ESMO de, ainda assim, aplicarem as TNF no controlo da dor em pelo menos 50% das parturientes. Mais uma vez, corroborando com a premissa de que o Enfermeiro ESMO é fundamental e necessário para a Humanização do Parto e Nascimento proposta pela OMS, não só pelo conhecimento técnico-científico, mas, também, pelo seu olhar diferenciado com o foco nas necessidades apresentadas pela mulher em trabalho de parto.Ainda que seja uma diretriz do Plano Nacional de Controlo da Dor, a maioria dos especialistas não foi contemplada com a formação, competências ou atualização sobre a dor nem sobre a aplicação das TNF. É importante reforçar a temática sobre o controlo da dor e as TNF nos currículos dos cursos de licenciatura e pós-graduação e na formação contínua nos serviços.

data de publicação

  • janeiro 1, 2018