Turismo cultural e religioso rituais coletivos: o uso da máscara na festa de Santo Estevão, em Ousilhão Capítulo de livro uri icon

resumo

  • A festa em honra de Santo Estevão, em Ousilhão, Vinhais, soleniza-se nos dias 25 e 26 de dezembro, por altura do solstício de Inverno, no contexto romano e pagão. Enquanto fenómeno sociorreligioso foi, durante décadas, objeto de descrição popular e interpretação antropológica pela dupla dimensão que manifesta: sagrada e profana. Contudo, a globalização cultural, marcada pela tentativa de homogeneização das práticas culturais e rituais, tendeu a convertê-la numa festa popular da aldeia. Na festa, o recurso ao uso da máscara como elemento identitário é um processo definidor e integrador da unidade cultural. O seu uso traduz um complexo de práticas formalizadas entre máscara e mascarado; identidades culturais que se partilham e, ao mesmo tempo, se guardam e transmitem de geração em geração. Quiçá o isolamento geográfico e a alta taxa de envelhecimento da população, preservou os padrões de comportamento, hábitos, modos de vida, sonoridades, oralidades e relações familiares e/ou de vizinhança. Estes traços dominantes, continuam a desempenhar um papel fundamental na vida comunitária, apesar dos reflexos visíveis do êxodo rural e da emigração que assolaram a região, desfazendo parcialmente as formas tradicionais de organização coletiva, causando descaracterizações, mais ou menos pontuais. Estas mudanças provocaram na localidade o desassossego de (sic): “as festas já não são o que eram; qualquer dia não há quem as faça”, diz o povo. À medida que o mundo intensifica a uniformização do seu modo de vida, têm surgido vários movimentos que, em contraponto, valorizam a autenticidade dos territórios, dos objetos que se redescobrem dentro das regiões. E, é nesta visão que, o património intangível, em geral, e a máscara, em particular, ganha cada vez expressão, indo ao encontro das linhas orientadoras do turismo cultural que visa dar resposta a estes segmentos, seja no âmbito dos produtos estratégicos, seja no circuito do calendário nacional de eventos artístico-culturais ou na promoção de ativos diferenciadores. Pretende-se, com este trabalho, privilegiar o uso da máscara como adereço identitário da festa de Santo Estêvão, abordando outras leituras da cocriação.

data de publicação

  • 2018