Agricultura como utilizadora de diversidade genética: cultivares, variedades, raças e recursos silvestres uri icon

resumo

  • Muitos autores admitem que a agricultura é uma opção natural de quem conhece profundamente a utilidade e a ecologia das plantas, e enfrenta, repentinamente, uma crise de penúria alimentar. Os modernos sistemas de agricultura são construídos em torno de plantas genética e morfologicamente divergentes dos seus ancestrais selvagens. À escala da paisagem, os complexos de vegetação florestal com dinâmica de clareira (gap dynamics) deram origem a paisagens monótonas reduzidas a poucas espécies de plantas cultivadas e um cortejo de infestantes agressivas. A partir do momento em que a agricultura se sedentarizou, obrigou os agricultores a restaurar, geralmente em ciclos anuais, a fertilidade da terra e a aumentar o período de permanência dos nutrientes nos sistemas de agricultura. O esforço de manutenção da produtividade da terra criou fortíssimos gradientes espaciais de fertilidade. A heterogeneidade ambiental, a diversidade de plantas cultivadas (espécies e cultivares), de animais domésticos e de agroecossistemas e, em menor grau, a diversidade das biocenoses e ecossistemas naturais e seminaturais, às escalas local e regional, são características intrínsecas dos sistemas orgânicos tradicionais de agricultura. Muitas cultivares e raças tradicionais sobrevivem em bancos de germoplasma ou em sistemas de agricultura muito subvencionados. Os sistemas de agricultura mais intensivos caracterizam-se por um colapso de todas as categorias da diversidade. As espécies silvestres (e também ancestrais de espécies cultivadas) são ainda recursos alimentares e medicinais com impacto no bem-estar de muitos povos. A manipulação e consumo destas espécies em diferentes regiões do mundo refletem a diversidade do conhecimento local e acima de tudo a identidade cultural inerente.

autores

  • Aguiar, C.

data de publicação

  • janeiro 1, 2017