Cursos Técnicos Superiores Profissionais Agrários: Procura e Expectativas Artigo de Conferência uri icon

resumo

  • As formas de ensino destinadas aos adultos apresentam duas características em comum, nomeadamente, a participação voluntária e a frequência de um curso que serve um objetivo específico. Embora alguns possam fazer a escolha e optem por frequentar um curso por razões sociais e outros possam não saber claramente o que pretendem, todos eles têm em mente um propósito e, se não o conseguirem alcançar, mais cedo ou mais tarde abandonarão o curso.
  • Esta investigação pretendeu conhecer as expectativas dos estudantes relativamente aos Cursos Técnicos Superiores Profissionais de uma Escola Superior Agrária (ESA) localizada no Nordeste de Portugal. Foi desenvolvido um estudo cross-section baseado numa amostra de 65 estudantes de um universo de 298 indivíduos. Para um nível de confiança de 95%, o erro amostral foi de 11%. De janeiro a junho de 2017, foi aplicado um questionário por e-mail ou em sala de aula. Os estudantes tinham, em média, 21 anos de idade (DP = 4,25), eram do género feminino (50%), pertenciam a agregados familiares constituídos, no máximo, por 3 elementos, com um rendimento mensal até 1000 € (67,3%). Os dados foram tratados com recurso ao software SPSS 23.0, tendo sido utilizada estatística descritiva para caracterizar a amostra. Foram, ainda, utilizados os testes de Spearman e de Mann-Whitney, ao nível de significância de 5%. A maioria dos estudantes frequentava cursos deslocalizados (58,1%). A distribuição dos estudantes, por curso, foi a seguinte: Cuidados Veterinários (38,7%); Produção Agrícola (24,2%); Tecnologia Alimentar (25,8%); Gestão Ambiental (4,8%); Biotecnologia e Inovação (3,2%); Viticultura e Enologia (3,2%). Cerca de 53% frequentavam o 1º ano e os restantes o 2º ano. A maioria residia a uma distância superior a 50 km do estabelecimento onde o curso funcionava. Cerca de 40% consideraram que o curso tem um grau de dificuldade razoável, exigindo muito esforço e trabalho. Os fatores que mais contribuíram para a escolha do curso foram “o gosto pela área” (75,8%); o seu potencial em termos de “saídas profissionais” (37,1%); e, o facto do curso permitir a “progressão dos estudos” uma vez que 66,1% pretendem obter a licenciatura na mesma instituição onde funciona o curso que atualmente frequentam. A maioria dos participantes está satisfeito (36,1%) ou muito satisfeito (26,2%). Tendo em conta a localidade onde o curso funciona, os resultados mostram que, nos cursos não deslocalizados, o nível de satisfação é superior ao dos cursos deslocalizados. Já, em relação aos cursos não deslocalizados, os fatores que estão positiva e moderadamente correlacionados com o nível de satisfação reúnem-se à volta das oportunidades dos estudantes adquirirem conhecimentos teóricos e experiência prática na área do curso, bem como na disponibilidade, apoio e incentivo dos professores. Para os restantes, o nível de satisfação correlaciona-se positiva e fortemente com fatores que se agrupam nos conhecimentos e competências dos professores e no funcionamento do curso, designadamente, nas metodologias utilizadas na lecionação. Melhorar as condições de funcionamento dos cursos deslocalizados, nomeadamente, recursos e infraestruturas (salas de aula e laboratórios); disponibilizar mais meios pedagógicos de apoio às aulas (computadores, projetores e microscópios); intensificar e aprimorar a relação aluno/ESA; implementar aulas práticas, sobretudo a nível da prática clínica no caso do curso de Cuidados Veterinários; e, aumentar o número de visitas de estudo contribui para a fidelização dos estudantes e para o aumento do seu nível de satisfação.

autores

  • Ribeiro, M.
  • António Fernandes

data de publicação

  • janeiro 1, 2017