Conhecimentos e comportamentos dos agricultores do concelho de Macedo de Cavaleiros sobre os pesticidas Teses uri icon

resumo

  • A utilização dos pesticidas agrícolas veio alterar profunda e rapidamente os métodos de trabalho, conduzindo ao aumento das produções. Todavia, tais fatores são, em si mesmos, potencialmente mais perigosos para a segurança e saúde dos agricultores e a sua rápida introdução no meio rural não tem sido suficientemente acompanhada por um conhecimento dos riscos associados à sua utilização. Estas características, determinam a necessidade de se motivarem os principais atores, os aplicadores de pesticidas, para a prevenção dos riscos e, também, para a necessidade de se identificarem para esta prevenção, técnicas adequadas à especificidade das tarefas (ACT, 2014). O nosso principal interesse foi avaliar o conhecimento e o comportamento dos agricultores do concelho de Macedo de Cavaleiros sobre os pesticidas. O estudo envolveu 398 residentes, com idade ≥ 18 anos, de ambos os sexos, com atividade agrícola formal e informal, no concelho de Macedo de Cavaleiros. Trata-se de um estudo observacional descritivo-correlacional, de corte transversal. A abordagem metodológica utilizada é eminentemente quantitativa, através de amostragem do tipo não probabilística, por conveniência. Para a recolha de dados foi desenvolvido e aplicado um formulário estruturado com respostas fechadas e abertas. Verificamos que, de uma forma geral, os agricultores mais jovens são quem se perfila com graus de reconhecimento significativamente superiores em relação às vias de exposição aos pesticidas e relacionam mais as doenças neurológicas ao uso de pesticidas (p<0,05). O agricultores com maior grau de escolaridade reconhecem melhor sintomas como, náuseas, tonturas e cefaleia, (p<0,05), doenças hepáticas, doenças neurológicas, desregulações hormonais associadas ao uso de pesticidas (p<0,001), reconhecem as vias de exposição aos pesticidas, com significancia estatística para o reconhecimento da via dérmica, seguem melhor as instruções dos rótulos aquando da preparação das caldas e com maior precaução, utilizam mais os equipamentos de proteção, apresentam maior preocupação face à eliminação dos pesticidas vazios. Face ao comportamento ambiental têm uma propensão muito menor em despejar as águas da lavagem dos equipamentos e outros recipientes utilizados em esgotos, fossas ou na proximidade de nascentes de água. Os agricultores com formação específica têm uma propensão muito menor em despejar as águas da lavagem dos equipamentos e outros recipientes utilizados em esgotos, fossas ou na proximidade de nascentes de água e não tem tanto o costume de queimar, enterrar ou deitar no caixote do lixo. Não foi encontrado significado estatístico entre a sociodemografia e a formação especifica do agricultor e o reaproveitamento dos recipientes vazios para outros fins. O mesmo acontece para os agricultores cuja atividade profissional principal não é a agricultura e para os que têm formação específica no manejo de pesticidas. Os agricultores estão informados que os pesticidas fazem mal à saúde e ao ambiente. Não obstante, cometem inconformidades nas práticas de utilização como: preparação de caldas, desleixo no uso de equipamento de proteção individual, a falta de leitura de rótulos, a eliminação incorreta dos recipientes de segurança, o mau uso dos pesticidas, aumentando o risco de exposição a estes produtos. Podemos concluir que a idade mais jovem, o maior grau de escolaridade e a frequência de formação específica de aplicação de pesticidas influem positivamente no reconhecimento de doenças associadas e de vias de exposição, assim como na segurança com que são preparados e aplicados os pesticidas, no uso dos equipamentos de proteção utilizados na preparação de pesticidas sólidos e líquidos, no cumprimento das instruções dos rótulos para preparação dos pesticidas, como na utilização das medidas de precaução aquando da preparação e na aplicação de pesticidas e no comportamento ambiental. Assim, é importante que se promova a formação dos agricultores para maior sensibilização, conjuntamente que as instituições tenham em conta estes fatores na tomada de decisão com vista a melhorar o conhecimento e os comportamentos dos agricultores, de forma sustentável, a fim de obtermos menor impacto tanto na saúde humana como ambiental.

data de publicação

  • janeiro 1, 2020