Os serviços de ecossistema florestal estão incluídos num grupo mais vasto, definido como serviços de ecossistema (SE) pelo Millenium Ecosystem Assessement. Os serviços do ecossistema florestal são os benefícios que a sociedade em geral obtém da floresta e incluem serviços de produção, regulação, suporte e culturais. Este capítulo analisa a condição e as tendências recentes de um conjunto de serviços dos ecossistemas florestais no Norte de Portugal no período 1974-2010 e consistiu num esforço interdisciplinar para os descrever e, na medida do possível, não só quantificar mas também mapear a sua distribuição espacial. Na análise dos serviços de produção observou-se, em geral, um alto nível de produtividade das florestas da região Norte, principalmente nas regiões PROF do Alto e Baixo Minho e também no Tâmega. No entanto, a análise do integral anual de NDVI no período 2001- 2010 revelou uma tendência significativa de diminuição da produtividade numa percentagem de píxeis relativos a áreas florestais, com particular incidência em áreas cuja função principal é a produção. Em relação à produção de biomassa, foi estimado que o valor potencial de produção anual só para as duas principais espécies florestais na região (pinheiro e eucalipto) pode representar cerca de 7,3% do consumo de energia eléctrica na região NUTS II Norte (dados relativos a 2009). A análise da condição dos serviços de regulação realizou-se para a regulação e purificação da água, para a mitigação dos riscos naturais e também para o sequestro de carbono. Foi salientada a heterogeneidade da capacidade de provisão dos serviços de regulação e purificação da água nas regiões do Minho e Trás-os-Montes, bem como o importante papel das florestas regionais na fixação de carbono. Em relação à mitigação de riscos naturais (ex. erosão do solo), a condição foi descrita como preocupante já que muitas das áreas de aptidão florestal estão localizadas em áreas de elevado potencial de erosão. Nos serviços de suporte foi analisada a condição da biodiversidade em áreas florestais realçando o papel das florestas autóctones de carvalhos na provisão deste serviço ainda que na região Norte a área destas florestas se mantenha inferior à área ocupada por florestas plantadas sendo também a sua distribuição dispersa e fragmentada. No que respeita aos serviços culturais, ainda que demonstrada a elevada “capacidade” da paisagem no Norte para satisfazer diferentes procuras sociais foi também realçado que diferentes tipos de floresta “podem satisfazer de modo diferente públicos distintos”. Mais preocupante ainda é a possibilidade de que as preferências imediatas da sociedade em relação a um tipo de serviço (ex. recreio)poderem pôr em causa a provisão de outros serviços (ex. protecção do solo). Finalmente, o capítulo explora tendências recentes de acordo com três cenários possíveis: um cenário de continuidade, um outro relacionado com o abandono rural e de regeneração da floresta nativa, e um terceiro em torno da intensificação da gestão para fins de produção.