O presente artigo apresenta resultados de um estudo conduzido na cidade portuguesa de Bragança, procurando descrever a complexidade dos
espaços verdes urbanos pela definição de um modelo de catalogação, assente num conjunto de nove tipologias de base e suas subdivisões e pela análise
complementar de outros atributos desses espaços, incluindo a presença de vegetação, a acessibilidade, a posse e a relação com o modelo de ordenamento
do território. O levantamento de dados teve por base a fotointerpretação de imagens aéreas e a validação de dados no terreno. Os resultados da análise
desenvolvida demonstram a diversidade existente no âmbito dos espaços verdes urbanos, como resultado de processos de transformação local. Os espaços
expectantes, sem uso definido, assumiam grande relevância como resultado do desajuste entre o processo de urbanização e a transformação para usos
compatíveis, apresentando estes espaços um caracter desestruturado para o desenvolvimento da maioria das funções atribuíveis a espaços verdes urbanos.
Os espaços agrícolas prevaleciam ainda como espaços com uma ampla expressão espacial, facto revelador da manutenção destas práticas na envolvente do
rio local, com benefícios para a manutenção de processos biofísicos e sustentabilidade local, pese embora as limitações ao usufruto directo pela maioria da
população. Entre os espaços mais formais, persistiam os espaços residenciais e ligados a equipamentos com um elevado potencial de uso público, contrariados
na maior parte dos casos pela inexistência condições propícias ao uso, pelo seu acesso limitado ou condicionado. Os espaços verdes públicos, assentes em
modelos de intervenção antrópica, surgiam com menor expressão no espaço urbano, oferecendo condições propícias para o uso colectivo. Neste artigo, são
ainda apresentadas alguns factores que deverão ser considerados na consolidação de uma oferta de espaços verdes de qualidade.