A comunicação no âmbito do turismo necessita de ser operacionalizada a partir de uma
perspetiva abrangente, que interrelacione a publicitação e a promoção da oferta turística, na
linha do que Chazaud (1997) e Deshayes (2002) defendem. De acordo com o primeiro autor,
afigura-se fundamental desenvolver uma interface entre serviços culturais e visitantes,
consideravelmente significativa no caso do turismo patrimonial e dos museus. Esta interface
permite aos visitantes usufruir da visita, abrangendo, por um lado, a representação técnica de
um local ou de um espólio, como é o caso dos guias humanos, audioguias ou quiosques
interativos, e, por outro, a intervenção de uma variedade de serviços externos [ex.: centros de
informação turística, transporte, hotéis e restaurantes], de modo a criar um produto global que
se apresente apelativo aos estes visitantes. Desta forma, o enfoque deste trabalho será a
utilização dos tradicionais audioguias [e subsequentes atualizações] como recurso tecnológico
ao serviço do turismo patrimonial e dos museus, assim como das suas potencialidades no que
se refere não só à concretização da mediação cultural espaço-espólio-visitante, mas também
das suas primordiais funções pedagógica e de vulgarização da linguagem técnica [Deshayes,
2002]. Esta abordagem resulta do trabalho de investigação conduzido aquando do
doutoramento, que incidiu sobre o levantamento dos audioguias disponibilizados pelos museus
portugueses, e outras instituições afins, e a análise de uma amostra destes textos a partir de
critérios de natureza institucional, técnica, macroestrutural e microestutural. Com base nos
resultados da nossa análise, tornou-se possível corroborar as funções dos audioguias já enunciadas, bem como o seu papel fundamental na acessibilidade da generalidade dos
visitantes, mas mais particularmente dos visitantes com deficiência/incapacidade visual.