Escrever... como e para quê - práticas e conceções de crianças sobre escrita
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resumo
A partir de uma sequência de atividades realizadas no âmbito da prática de ensino supervisionada
(PES) em contexto de educação pré-escolar, pretendemos analisar produções escritas das crianças e
as suas conceções quer acerca dos critérios que usam para validar uma sequência gráfica como escrita,
quer acerca das funcionalidades que atribuem ao texto escrito. Este trabalho funda-se numa linha de
investigação sobre a problemática da emergência da escrita que, apesar de uma história relativamente
longa, continua a ser desafiante para todos os profissionais envolvidos na educação das crianças.
Faremos, por isso, uma breve revisitação da literatura de referência, explicitando tópicos relativos
às conceções das crianças sobre a escrita (aquilo que escrevem ou leem, o que podem escrever/ler,
como realizam atividades de escrita/leitura, por exemplo) e às funcionalidades que atribuem ao texto
escrito, tanto no que se reporta à produção de texto como à sua receção. Trata-se de um estudo
de caso, onde a recolha e análise de dados foi feita a par e passo com a intervenção realizada no
sentido de otimizar um ambiente educativo e de aprendizagem promotor da apropriação da escrita
(criando atividades em que o contacto com a linguagem escrita ocorre de forma contextualizada
e significativa) e do envolvimento criativo e prazeroso com a leitura, bem como da reflexão (das
crianças) acerca da escrita. Num processo de natureza qualitativa, recorrendo à análise de conteúdo,
cruzam-se dados recolhidos por entrevista às crianças, com as suas produções e as notas de campo da
educadora estagiária. Esta análise permite evidenciar que as crianças recorrem a vários critérios para
validar uma sequência gráfica como escrita (algo que está escrito e que, por isso, se pode ler), referindo
aspetos figurativos (identificação de determinados grafemas, por exemplo) e aspetos concetuais, usando
critérios quantitativos e qualitativos. Mas recorrem também a critérios extralinguísticos, como seja a
validação pela “autoridade” do adulto, evidente em enunciados como «É escrita porque foste tu que
escreveste».