Mulheres que abortam naturalmente
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resumo
Os cuidados a prestar em Saúde Reprodutiva constituem um conjunto diversificado de práticas que contribuem para a saúde e bem-estar reprodutivos através da prevenção e resolução de problemas, respondendo às necessidades específicas neste período de vida ¹.
O abortamento espontâneo é identificado clinicamente em ¼ das mulheres, tendo uma ocorrência de uma em cada sete das gestações, nas primeiras 12 semanas2,3,4.
Objetivo: Identificar o perfil social, económico e obstétrico das mulheres hospitalizadas por abortamento espontâneo.
Metodologia: Estudo epidemiológico transversal retrospetivo, de 165 mulheres registadas com diagnóstico de abortamento espontâneo, na base de dados do Sistema Informático Hospitalar, internadas numa Unidade de Saúde do Norte de Portugal.
A amostra final ficou constituída por 122 mulheres, após aplicação dos critérios de exclusão, registos incompletos (10,3%), outro diagnóstico (14,5%) e falta do processo clinico (0,6%).
Quanto à recolha de informação, os dados relativos à ocorrência de abortamentos nos três anos definidos, foram colhidos pelas investigadoras, tendo como suporte um guia, sobre as variáveis a analisar. Esta recolha foi realizada nos dias úteis, entre 9 e 17 horas, durante os meses de janeiro e fevereiro de 2013, no serviço de arquivo da instituição. A informação recolhida foi analisada com a metodologia estatística usual, após a sua informatização, com recurso ao programa SPSS. Foi obtido parecer positivo da Comissão de Ética e autorização da instituição para desenvolvimento da investigação, garantido o anonimato e confidencialidade dos dados.
Resultados: Os dados revelam que 75,4% (n=92) das mulheres reportam-se às casadas e 24,6% (n=30) não o eram, indo de encontro a outro estudo5,6 em que 96% (n=71) e 100% (n=47/47) eram casadas.
Houve maior frequência do abortamento nas primigestas em 41,8% (n=51), em mulheres com atividade remunerada, 61,5% (n = 75), e sem história de abortamento 75,4% (n = 92), igualmente constatado noutro estudo⁶ com prevalência de 74,46% em primigestas, 55,31% em mulheres com atividade remunerada e 70,21%, sem abortos anteriores, comparativamente.
A aceitação da gravidez constatou-se em 94,3% (n = 115), para as 5,7% (n = 7) verificou-se o inverso, confirmando os dados do estudo 5 em 91,9% (n=68) a gravidez foi aceite. Relativamente à idade gestacional houve predominância (66,4%) do abortamento abaixo das 12 semanas, tal como ocorreu no estudo5 anteriormente supracitado, em 55,7%.
Do total de mulheres, 26,2% (n = 32) passaram pela forma completa de expulsão do produto de conceção, no entanto, em 73,8% (n = 90) a forma não completa foi a prevalente, necessitando de intervenção cirúrgica, curetagem 31,1% (n = 38) e AMIU 13,1% (n = 16), resultados semelhantes a outros resultados⁵,6, onde 35,1% (n=26) necessitaram de intervenção cirúrgica.
De salientar que, 89,3% (n = 109) das mulheres não tiveram complicações pós-aborto, verificando-se nas restantes, infeções em 6,6% (n = 8) e hemorragia com 4,1% (n =5). A permanência hospitalar de um dia evidenciou-se em 86,1% (n=105), segundo outro estudo⁷, vem corroborar com essa ideia, em 60,1%, sendo que a ausência de orientações esteve evidente em 83% dos registos das mulheres, mencionada por outros autores8,9. Os fatores que estiveram independentemente associados ao abortamento espontâneo foram: casadas, com profissão remunerada, sem história de abortamentos anteriores, ocorrendo nas primeiras 12 semanas de gestação.