Os solos e a susceptibilidade à desertificação no NE de Portugal
Artigo de Conferência
Visão geral
Visão geral
resumo
A mais recente avaliação da susceptibilidade à desertificação do território continental português (2011) revela um acréscimo da extensão das áreas suceptíveis relativamente à avaliação anterior. Para além disso, a Região Norte de Portugal, cuja imagem não é comummente associada a este problema, apresenta agora uma extensão muito mais expressiva de áreas susceptíveis. Os indicadores de susceptibilidade à desertificação conta com elementos de variada natureza e incluindo os referentes ao solo. O objectivo deste trabalho é o de analisar o contributo da componente solo para a avaliação da susceptibilidade à desertificação na Região Nordeste de Portugal Continental. Para tanto, tomou-se como material de base a a documentação mais recente relativa à avaliação da susceptibilidade à desertificação em Portugal (Plano de Acção Nacional de Combate à Desertificação (2011), e a relativa aos solos (Carta de Solos do Nordeste de Portugal, 1991). Desta última, retiveram-se as características dos solos e os atributos da terra pertinentes para a avaliação do estado de degradação dos solos (espessura do solo, pedregosidade, armazenamento de água no solo, risco potencial de erosão e aptidão da terra), ao nível da unidade cartográfica, analisando-se as relações entre estes elementos, e ordenaram-se as unidades cartográficas de acordo com o estado de degradação dos solos, associando-lhes indicadores de localização espacial (litologia, declive, zona climática). Esta informação foi cruzada com a das cartas relativas à avaliação da susceptibilidade à desertificação, designadamente a do índice de aridez, a do estado/qualidade e das tendências de degradação da terra. Os resultados da análise permitem concluir que, embora às áreas de mais evidente estado de degradação dos solos corresponda também elevada susceptibilidade à desertificação, essas mesmas condições verificam-se igualmente fora das áreas declaradas como susceptíveis à desertificação, mostrando, por um lado, que o principal determinante desta susceptibilidade não é de natureza edáfica mas climática, e, por outro, que a maior atenção deve ser dada às tendências de evolução no uso do solo, no sentido de mitigar ou reverter os efeitos do estado de degradação das terras em todo o território do NE de Portugal.