Uso da terra e riscos de degradação do solo no Nordeste de Portugal: mudanças nos últimos trinta anos
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resumo
O NE de Portugal está, em extensas áreas, sujeito a degradação do solo, num quadro de suscetibilidade à desertificação e de elevado perigo de incêndio. As mudanças recentes nos padrões de uso da terra vêm suscitando interpretações por vezes contraditórias quanto às suas consequências para o recurso solo. Propõe-se neste trabalho discutir os resultados de uma avaliação diacrónica do quadro de riscos de degradação do solo nos últimos trinta anos no NE de Portugal. Utilizando duas bases cartográficas (Agroconsultores e Coba, 1991, e COS 2007, nível 3), cujas legendas foram compatibilizadas de modo a permitir comparação entre as duas datas quanto às grandes categorias de uso da terra (agricultura, floresta,
matos), foi definido o quadro de riscos de degradação do solo pelo grau de adequação do uso da terra à sua aptidão, como estabelecida em Agroconsultores e Coba (1991). Identificaram-se áreas em sobre-exploração (uso mais exigente do que a aptidão permitiria, representando por isso risco potencial de degradação do recurso), em uso adequado (coincidente com a aptidão), e em sub-exploração (uso menos exigente). Revelam-se tendências na evolução da ocupação do solo já conhecidas em Portugal, com redução das áreas agrícolas e incremento dos matos, que se traduzem na diminuição em cerca de 14% da área em sobre-exploração da terra, e num aumento da área em uso adequado (8%) e em sub-exploração (6%). Os resultados, mostrando uma redução desejável na ameaça ao recurso solo, são discutidos considerando a extensão ainda significativa das áreas em sobre-exploração (44%), bem como o acréscimo potencial de outras ameaças ao recurso solo, como o perigo de incêndio, devido ao aumento de áreas combustíveis sujeitas a controle social escasso – os matos – a merecer especial atenção por parte dos decisores e atores regionais.