A produção de cogumelos como complemento em plantações florestais: caso de estudo em Trás-os-Montes
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resumo
A coleta de cogumelos em espaços florestais é uma atividade ancestral que tem vindo a ganhar relevância no âmbito da multifuncionalidade da floresta e da maximização da rendibilidade dos espaços rurais. A informalidade da apanha e comercialização de cogumelos silvestres é uma realidade em Portugal. No nordeste transmontano verifica-se que a maior parte dos cogumelos coletados na região ainda é comercializada em fresco para compradores do exterior e, destinados ao mercado europeu, com perspetiva de perda de valor acrescentado. Os cogumelos constituem um recurso florestal silvestre com apreciável potencial de contribuição para a complementaridade dos rendimentos que podem extrair-se dos espaços florestais. Adicionalmente, as espécies fúngicas associadas à produção de cogumelos têm um papel muito importante na ecologia das áreas florestais e, portanto, na sua sustentabilidade. Avaliar a produção de cogumelos e o potencial rendimento associado é essencial para estabelecer as bases de uma economia que possibilite maximizar os rendimentos a obter dos espaços rurais, mas com garantias de sustentabilidade .
A coleta de cogumelos em espaços florestais é uma atividade ancestral, que tem vindo a ganhar relevância
com a perspetiva de multifuncionalidade da floresta e de maximização da rendibilidade dos espaços rurais.
Atualmente, produção de cogumelos silvestres vai sendo pontualmente estimulada através da inoculação de
árvores com espécies comestíveis em muitas plantações, ou do uso de árvores já inoculadas, tanto ao nível de
folhosas como de resinosas. No nordeste transmontano, tem-se verificado que a maior parte dos cogumelos
coletados na região ainda é comercializada em fresco para compradores do exterior e destinados ao mercado
europeu, com perspectiva de perda de valor acrescentado. Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do
projeto PDR2020 GO_FTA+siv com o objetivo principal de avaliar a produção efetiva de cogumelos e estimar
o rendimento complementar que eles podem implicar na produção florestal. Para isso, foram selecionadas
três áreas, com plantações de castanheiro (Castanea sativa) em Pinela-Bragança, de carvalho-americano
(Quercus rubra) em Ala-Mogadouro e de pinheiro-manso (Pinus pinea), em Lilela-Mirandela e foram instaladas
3 parcelas permanentes de monitorização com 2.500m² em cada local, no inverno de 2018/19. As plantações
foram efetuadas ao abrigo de vários Quadros Comunitário de Apoio e tinham cerca de 20 anos de idade. Cada
povoamento foi caracterizado em termos dendrométricos. Em cada parcela marcaram-se 3 linhas paralelas
de 50m cada e com uma largura de contagem de 2m. Todos os cogumelos foram recolhidos, contados e
pesados em fresco, no final de cada linha. As parcelas foram visitadas em intervalos quinzenais de outubro a
dezembro, no outono, e de março a maio, na primavera. Em cada período, a contagem iniciou-se cerca de uma
semana após um período de chuva de pelo menos um dia. Os cogumelos comestíveis foram identificados com
recurso a guias de campo e em laboratório. As espécies mais relevantes foram dos géneros Boletus, Russula
e Lactarius. Em menor quantidade, Suillus e Tricholoma. Os melhores resultados foram obtidos em plantações
de castanheiro, tendo-se obtido valores de cerca de 500kg/ha em peso fresco. Os resultados apresentam
elevada variabilidade interanual, possivelmente devido às oscilações pluviométricas.