Ecologia das pastagens permanentes semeadas biodiversa ricas em leguminosas
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resumo
As Pastagens Permanentes Semeadas Biodiversas Ricas em
Leguminosas (PPSBRL) são uma criação recente da agronomia de
pastagens mediterrânicas. Resumidamente, caracterizam-se por
misturarem 10-12 cultivares melhoradas de 6-7 espécies pratenses, a
maioria das quais leguminosas anuais com sementes duras, de óptimo
mediterrânico. O Trifolium subterraneum, a espécie preponderante, atinge
mais de 50% do peso das misturas de sementes, com 3-4 cultivares
de distinta ecologia e extensão do ciclo de vida. Ensaios agronómicos
mostram que as PPSBRL são mais produtivas, e produzem forragem
de melhor qualidade alimentar do que as pastagens semi-naturais.
Por regra, produzem duas vezes mais biomassa aérea do que as
pastagens semi-naturais, facto que se reflete num significativo
incremento da sequestração de carbono na matéria orgânica do solo.
O serviço ecossistémico “sequestração de carbono” das PPSBRL está
já a ser remunerado pelo Fundo Português de Carbono.
As vantagens agronómicas das pastagens melhoradas por sementeira
emergem da substituição de biotipos autóctones pouco produtivos,
adaptados a solos oligotróficos, por genótipos selecionados, mais
produtivos, nutricionalmente mais exigentes, em solos de fertilidade
corrigida. Ao invés das tradicionais misturas simples de plantas
pratenses, as PPSBRL procuram ainda tirar proveito do efeito da
diversidade específica e genética (via diversidade de cultivares) nas
funções ecossistémicas.
As evidências empíricas acumuladas nas últimas décadas mostram
que as pastagens semeadas com misturas de elevada riqueza específica
são mais produtivas (Clark, 2001), menos permeáveis a plantas indígenas
de baixa produtividade, palatibilidade e valor alimentar (Frankow-
Lindberg et al., 2009), e que são capazes de se acomodar a habitats
heterogéneos (Sanderson et al., 2004) e de suportar flutuações climáticas
extremas (Tilman & Downing, 1994).