O conhecimento da biodiversidade de artrópodes presentes nas culturas, em termos das funções que desempenham
(fitófagos, predadores, parasitoides, detritívoros, entre outros) e das relações existentes entre si é fundamental numa
perspetiva de conservação da fauna auxiliar, de promoção da proteção biológica contra as principais pragas e de manutenção
da cultura em bom estado fitossanitário. No caso da amendoeira, o conhecimento acerca da biologia das pragas-
-chave, a sua dinâmica populacional e os predadores e parasitoides associados é ainda escasso em Portugal. Assim,
este trabalho teve por objetivo conhecer a diversidade e a abundância dos principais grupos funcionais de artrópodes
associados à copa do amendoal e as suas flutuações ao longo do tempo. Nesse sentido, em dois anos consecutivos (2018
e 2019) entre abril e início de outubro, com periodicidade semanal, realizou-se a técnica das pancadas em 25 árvores
selecionadas aleatoriamente num amendoal localizado em Alfandega da Fé. O material colhido foi separado e os artrópodes
existentes contados e identificados ao mais baixo nível taxonómico possível. No total foram capturados 11 809
artrópodes, que se distribuíram em oito ordens diferentes. Os hemípteros fitófagos foram os indivíduos mais abundantes
ao longo da amostragem. Relativamente aos auxiliares predadores, por ordem de importância relativa, surgiram
as aranhas, os coccinelídeos e as formigas, nos dois anos de estudo. Os himenópteros parasitoides representaram 11%
e 15% do total de auxiliares, respetivamente em 2018 e 2019. Verificou-se ainda que a maior abundância de aranhas foi
coincidente com a maior ocorrência dos hemípteros fitófagos.