Análise do potencial de valorização de plantações de pinheiro manso na Terra Quente Transmontana Artigo de Conferência uri icon

resumo

  • As florestas desempenham um papel fundamental no fornecimento de serviços à sociedade, proporcionando benefícios nos três pilares da sustentabilidade: ambiental, social e económico; aliando a geração de renda e emprego, bem-estar dos indivíduos e preservação dos recursos naturais. A floresta portuguesa tem um impacto significativo nas contas nacionais. Contudo, apresenta características particulares que podem ser um entrave à sustentabilidade económica e social das zonas rurais. São exemplo disso a pequena dimensão da propriedade rural, sobretudo no Norte e Centro do país, associada a dificuldade no ordenamento fundiário, a baixa rentabilidade, pouca atratividade do investimento e o longo prazo para retorno económico ao produtor florestal. Em muitos casos, esses problemas podem ser superados com a implementação de novas estratégias de gestão nessas propriedades, aplicando uma silvicultura multifuncional onde a produção de longo-prazo se suplementa com produções complementares de curto-prazo, permitindo que a atividade principal da propriedade rural seja complementada com a produção de outros bens e serviços, melhorando a sua rentabilidade e atratividade do investimento. Nesta perspetiva, no âmbito do projeto PDR2020 GO FTA+Siv, desenvolveu-se o presente trabalho que tem por objetivo analisar a viabilidade económica de um povoamento de 40 ha de pinheiro-manso (Pinus pinea L.), com cerca de 25 anos de idade, instalado para produção de lenho/fruto e mais tarde reconvertido para produção de pinha no território entre Suçães e Lilela (limite dos Concelhos Mirandela/Valpaços), em plena Terra Quente Transmontana, com base na gestão multifuncional da floresta. Para avaliar a sua viabilidade económica, foram calculados os seguintes indicadores económicos dentro do horizonte de planeamento de 50 anos: Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Período de Retorno (PR). Essa análise foi feita com base em três modelos silviculturais: (a) atividade de colheita de pinhas fundamentado na produção real de pinhas (medições de campo); (b) atividade de colheita de pinhas fundamentado na produção esperada de pinhas – estimada com base no modelo de produção proposto pela UNAC; e (c) atividade de colheita de pinhas fundamentado na produção real de pinhas (como o modelo “a”) complementada com a produção de mel e recolha de cogumelos silvestres. Além disso, foi realizada uma análise de sensibilidade com simulações onde se fez variar os preços de mercado (venda) da pinha e da madeira do pinheiro-manso, bem como os custos da mão-de-obra não familiar. Os resultados mostraram que os 3 modelos silviculturais apresentaram viabilidade económica. O cenário que apresentou maior atratividade económica foi o que incluiu, para além da atividade de colheita da pinha, a produção de mel e apanha de cogumelos silvestres (c). A produção e colheita de produtos complementares da floresta – o mel e os cogumelos silvestres – juntamente com a atividade principal do povoamento – a apanha de pinha – revelaram-se uma via economicamente atrativa para um investimento de exploração de pinheiro-manso. Nesse caso, mesmo com a produção de pinha muito abaixo do esperado, as colheitas de mel e cogumelos mostraram ser alternativas de renda muito viáveis para o produtor. A análise de sensibilidade mostrou que o preço no mercado das pinhas e o custo com mão-de-obra para apanha das pinhas foram os fatores que mais influenciaram a viabilidade e interesse económico nas simulações.

data de publicação

  • janeiro 1, 2022