Perfil de utilização de antibacterianos na comunidade Artigo de Conferência uri icon

resumo

  • Após a introdução dos antibacterianos na prática clínica verificou-se uma perda de eficácia a um ritmo totalmente inesperado através do desenvolvimento de resistência das bactérias aos antibacterianos clinicamente disponíveis. A evidência do uso excessivo justifica a necessidade de conhecer os seus padrões de utilização, sendo que o uso racional deste tipo de fármacos passa pela compreensão dos seus mecanismos de ação e características farmacológicas, mecanismos de resistência bacteriana e das estratégias que podem ser usadas para combater as infeções (WHO, 2018). Objetivo: O objetivo principal foi caracterizar o uso de antibacterianos nos concelhos de Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto e fatores associados. Metodologia: Aplicou-se um estudo observacional, descritivo-correlacional e transversal. Os dados foram recolhidos, no período de janeiro e abril de 2018, através de um questionário adaptado de Ramalhinho et al. (2016) e da aplicação da escala de MAT (Delgado & Lima, 2001) para avaliação do nível de adesão à terapêutica antibacteriana. Para a edição e tratamento dos dados utilizou-se o programa informático SPSS v. 24. Recorreu-se ao teste do Qui-quadrado e ao teste exato de Fisher, com um nível de significância de 5% (Pestana & Gageiro (2014). O estudo seguiu os princípios éticos previstos pela Declaração de Helsínquia. Resultados: Aproximadamente 30% dos 627 indivíduos que participaram neste estudo indicou ter consumido antibacterianos nos últimos 6 meses, dos quais a maioria era do sexo feminino (69%, n=133), residente em Cabeceiras de Basto (66%), tomou amoxicilina+ácido clavulânico ou amoxicilina (23% e 19%, respetivamente) e as causas da toma foram amigdalite (20%) seguida de infeção urinária (16%). Encontrou-se relação significativa entre o uso de antibacterianos e o género e concelho de residência (p=0,031 e p=0,032, respetivamente). A maioria dos inquiridos comprou sempre antibacteriano com receita médica (83%) sendo que 74% aderiu à terapêutica antibacteriana. Quanto aos cuidados a ter durante a toma, horas de intervalo entre tomas e ao número dias de toma, 78%, 96% e 97%, respetivamente, recebeu indicações do médico; 85%, 80% e 85% respetivamente, cumpriu essas indicações totalmente. O conhecimento relativo à terapêutica antibacteriana foi maior no género feminino, em que 40% apresentou um conhecimento pelo menos suficiente, e nos utilizadores de Cabeceiras de Basto. Mais de 80% consideraram a terapêutica eficaz ou muito eficaz, sendo que se verificou relação estatística entre a eficácia do antibacteriano e o cumprimento dos cuidados a ter durante a toma, p=0,035. Conclusões: O uso de antibacterianos ocorreu em aproximadamente um terço da amostra, nomeadamente no género feminino, residente em Cabeceiras de Basto, com uma adesão à terapêutica antibacteriana de 74%. Destaca-se a elevada percentagem de inquiridos cuja terapêutica foi prescrita pelo médico e o cumprimento total das indicações prestadas pelo médico.

data de publicação

  • janeiro 1, 2018