A brucelose conhecida, em Portugal, como “febre de malta” é uma doença zoonótica transmitida por contato direto ou indireto com animais infetados, por inalação de aerossóis produzidos pelo tecido animal infetado ou pelo consumo dos seus produtos. Embora tenha havido grande progresso no controle da doença, ainda existem regiões, sobretudo mediterrânicas, onde a infeção persiste em animais domésticos e, consequentemente, a transmissão para a população humana ocorre com frequência, provocando brucelose aguda e crónica que pode levar a complicações em múltiplos sistemas orgânicos de natureza variada, designadamente, osteoarticulares, gastrointestinais, hepatobiliares, do trato respiratório, geniturinárias, gravidez e amamentação, cardiovasculares, neurológicas, cutâneas, oftalmológicas, brucelose crónica e infantil. Neste contexto, este estudo teve como objetivos caraterizar e detetar alterações das tendências temporais relativas à Brucelose em Portugal e na União Europeia e comparar as médias registadas por cada 100000 residentes. Trata-se de um estudo retrospetivo, desenvolvido com base em dados secundários sobre o número de casos de Brucelose em Portugal e na União Europeia, reportados e registados, entre 2007 e 2017, disponíveis no Surveillance Atlas of Infectious Diseases. A estes acrescem os dados populacionais, nomeadamente, a população residente em Portugal e na União Europeia, referentes ao mesmo período, publicados pela PORDATA. Os dados foram analisados através do software Joinpoint, versão 4.6.0.0, para estimar a regressão para cada tendência. Para comparar as médias dos casos reportados em Portugal e na União Europeia, foi utilizado o software IBM SPSS versão 25.0 e aplicado o teste t-Student para amostras emparelhadas. Os resultados mostram que, em ambas as regiões estudadas, registou-se uma diminuição nos casos reportados de Brucelose. As taxas de variação no período analisado, para Portugal e para a União Europeia, foram de -9,4% e -4,6%, respetivamente, para um intervalo de confiança de 95%. Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre as médias registadas, por cada 100000 residentes, de casos reportados de Brucelose em Portugal e na União Europeia (p = 0,000). Portugal regista mais do quádruplo de casos reportados comparativamente à União Europeia no período analisado. Os resultados obtidos revelaram que existe uma natural tendência de diminuição de casos de Brucelose tanto em Portugal como na União Europeia no mesmo período. Revelaram, igualmente, que a tendência de diminuição foi mais marcante em Portugal comparativamente à União Europeia.