CONTRIBUTO DA SILVICULTURA PARA O COMBATE À DESERTIFICAÇÃO: VALORIZAÇÃO DE ESPÉCIES ADAPTADAS Artigo de Conferência uri icon

resumo

  • No quadro das mudanças climáticas previsíveis (Projecto SIAM II) espera-se uma redução na produtividade e no sequestro de carbono nas áreas sujeitas a períodos de secura. Por outro lado, prevê-se que os períodos de secura aumentem e que as chuvas se concentrem cada vez mais no período invernal. As variações climáticas previsíveis acarretam, naturalmente, mudanças quanto ao domínio de algumas espécies e nas áreas de distribuição dos diversos tipos de floresta bem como um aumento do risco de desertificação. Assim, no geral, verifica-se uma tendência de migração das espécies de Sul para Norte e do Interior para o Litoral. Estas variações climáticas terão também influência nos incêndios e ataque de pragas e doenças. Nesta perspectiva, a silvicultura a propor para as áreas susceptíveis à desertificação terá de ser uma silvicultura multifuncional, em que a principal preocupação seja a protecção do solo e dos recursos hídricos e, como complemento, uma oferta diversificada de valores de uso directo e/ ou indirecto que permita obter contrapartidas económicas, resultantes de uma gestão sustentável dos recursos, promovendo a fixação das populações uma vez que à desertificação está associado o despovoamento. Todavia, em floresta, o processo de produção lenhosa é relativamente longo, tornando-se, por isso, indispensável fazer uma selecção criteriosa das espécies a instalar tendo por base os cenários das alterações climáticas. Assim, deve-se optar, desde já, pela selecção e instalação de espécies resistentes à secura como a azinheira, o sobreiro, o pinheiro manso, os carvalhos negral e faginea e o zimbro. No combate à desertificação a principal preocupação, como já se referiu, deve ser a protecção do solo e dos recursos hídricos pelo que se deve privilegiar as espécies adaptadas e a mobilização mínima do solo. Deve-se assegurar uma melhoria produtiva dos povoamentos através de uma gestão sustentável, quer se trate de produtos lenhosos ou não lenhosos resultantes da multifuncionalidade do espaço florestal. Assim, torna-se fundamental diversificar as actividades nas explorações florestais e agro-florestais e potenciar a exploração de recursos associados como a cinegética, a apicultura, os cogumelos, a silvopastorícia, o artesanato, a valorização paisagística e eco-turismo, entre outros. Outro aspecto a ter em consideração é a utilização dos resíduos resultantes das limpezas da floresta para produção de bioenergia no quadro do aproveitamento das energias renováveis.

data de publicação

  • janeiro 1, 2006