Os solos pedregosos são muito comuns em vastas áreas da
Europa mediterrânica. Em Trás-os-Montes, a pedregosidade é também
notada em trabalhos sobre os solos desta Região. Todavia, desta
evidência não existe ainda a correspondente avaliação em termos de
importância relativa e distribuição espacial.
A pedregosidade dos solos de Trás-os-Montes é uma característica
de múltiplo alcance, no sentido de que constitui incontornável
marco pedológico e geomorfológico, mas também no sentido de que
reconhecidamente afecta o uso actual do solo e as práticas culturais
a ele associadas. Por conseguinte, afigura-se importante descrever de
modo quantitativo e discutir a ocorrência e distribuição espacial dos
solos pedregosos na Região. Ao fazê-lo, abordam-se também os processos
actuantes nos solos e nas paisagens, com o detalhe consentido
pela aproximação à escala territorial adoptada.
Uma avaliação da importância e distribuição espacial da
pedregosidade em Trás-os-Montes, baseada na Carta de Solos do
Nordeste de Portugal (1:100 000), permitiu estabelecer que mais de
um terço da área territorial corresponde a superfícies rochosas. Esta
primeira etapa do trabalho mostrou também que, genericamente, os
solos de maior pedregosidade são os menos espessos e mais pobres em matéria orgânica, situados nas zonas mais secas e declivosas. Pôde
assim associar-se directamente pedregosidade e risco potencial de erosão,
e confirmar-se que aquela característica dos solos e das paisagens
é expressão dos mecanismos de morfogénese
actuantes na Região,
nos quais se destaca a erosão hídrica. Os resultados desta abordagem
suscitaram ainda uma interpretação para a distribuição espacial dos
solos pedregosos que inclui não apenas este último contributo mas
também os da meteorização e do efeito de retroalimentação negativa
que cabe à pedregosidade nos processos erosivos.