O desenho é espaço. Construindo-o, modelando-o e alterando-o, o desenho tem
conseguido ao longo de milénios de contínuo desenvolvimento, ser uma expressão tão
rica quanto variada nas suas múltiplas materializações. Neste sentido, o espaço é
condição do desenho pelos meios, suportes e técnicas que envolve, constituindo-se
igualmente como seu objeto e em muitas produções como objetivo, através de uma
exploração dedicada.
Esta investigação tem por objetivo caraterizar instâncias diferentes de espaço no
processo de construção do desenho artístico, tomando como referência o período
compreendido entre o último quartel do século XX e a atualidade, com base num quadro
fenomenológico de aquisição de dados e da sua operacionalização.
Propondo um percurso similar à realização de um desenho, partindo do que o enforma,
passando pelo que o regula e terminando na ação que o materializa, incorporando
aspetos de um desenvolvimento futuro, a investigação incide sobre as estruturas
concetuais do espaço no desenho, as regras compreendidas na sua utilização e a sua
operacionalização.
É apurado o carácter relacional, cumulativo e sequencial de aspetos diferentes de
apreensão, sistematização e construção de espaço, permitindo através do desenho
dominar e superar limites materiais da sua perceção e vivência. Trata-se de uma
articulação tão complexa quanto eficaz dos elementos referentes à perceção, cognição,
memória, criatividade e ação e numa instância secundária, dos elementos relativos ao
contexto, que permitem de modo fluido, eficaz e expedito, fazer com que o espaço seja
desenho.